Foco em eficiência: entenda a mentalidade do Google com novos empreendimentos
Gigante do mercado mundial adotou nova forma de lidar com projetos particulares. Saiba detalhes e o embasamento das mudanças.
Se você pensa em globalização e logo vem o Google na cabeça, você certamente não é o único. Gigante do mercado mundial, a importância da empresa na vida e também no cotidiano de bilhões de pessoas é inegável.
Outra característica forte do Google é o empenho em desenvolver novos projetos próprios com recorrência, mas também de cancelá-los. Ficou intrigado, né?
Não se espera que uma das maiores empresas do mundo tenha essa mentalidade, mas vamos te explicar os motivos de ser dessa forma — e também porque a palavra-chave de novas empreitadas da empresa passou a ser eficiência.
Antes disso, vamos começar do início. Você sabe como o Google passou a ser uma figura certa de cancelar projetos, em quantidade significativa, já lançados no mercado?
A frequência de projetos descontinuados se tornou tão comum que não passou despercebida por quem acompanha de forma ávida os lançamentos do Google.
Com a incidência de produtos conhecidos pelo público recebendo o sinal vermelho, ficou difícil prever o tempo de vida da próxima criação da empresa.
Isso levou ao surgimento do site Killed by Google (clique no título do site para visualizá-lo; https://killedbygoogle.com/. O portal é uma espécie de “cemitério”, onde estão registrados os mais de 270 projetos descontinuados.
Dentre eles, estão o Stadia (serviço de streaming de jogos eletrônicos na nuvem, o mais recente a ser exterminado), o Google Toolbar, YouTube Originals, Google My Business e mais.
Agora, após tantas vítimas, houve um progresso no planejamento de ações relacionadas aos novos produtos. Isso veio com uma mudança de mentalidade interna — o Google vai parar de promover, de certa forma, a cultura de startup.
Não é necessário conhecer tudo sobre a cultura das startups, mas algumas nuances, como a política dos 20%.
O método, popular no universo das startups, consiste em permitir que os colaboradores trabalhem um dia por semana em projetos específicos. O Google News surgiu dessa forma.
O ângulo de manter a política era de ser mais um artifício da empresa para inovar com frequência e se manter uma incubadora de ideias transformadoras. Contudo, isso nem sempre vingou.
Vamos comparar o Google a outra gigante global, a Apple. Enquanto a Apple é conhecida por levar mais tempo no desenvolvimento de produtos, o Google vai na contramão — e isso contribuiu para a popularização de matar projetos repetidamente.
Como o Google lidou com a questão?
Após anos com a mancha na reputação e os fantasmas de projetos não emplacados, o Google deu os primeiros passos para uma reeducação.
Em setembro deste ano, o CEO da empresa, Sundar Pichai, pontuou em uma conferência que o Google precisava se tornar 20% mais eficiente.
Com o comentário, logo ficou notório que a indústria faria cortes ou reduções para chegar ao percentual desejado e erradicar distrações — o que provocou uma grande mudança:
Para maior eficiência, o Google vai eliminar 50% dos empreendimentos supervisionados e executados pela Área 120 (incubadora focada em projetos experimentais).
Anteriormente, quatorze projetos estavam no guarda chuva da Área 120. Agora, apenas sete.
Os colaboradores envolvidos nos empreendimentos eliminados, foram informados que eles devem encontrar uma nova função dentro do Google até janeiro de 2023, ou eles serão desligados.
De acordo com o diretor da Área 120, Elias Roman, a divisão passará a focar e investir apenas em projetos com Inteligência Artificial — ao invés de abraçar as empreitadas em todas as áreas que o Google domina, como acontecia antes.
Previamente, em julho deste ano, Pichai (CEO do Google) disse que o foco seria revisto e afiado. Desde então, vem sendo tomadas as decisões necessárias para que isso aconteça.
No total, o Google conta com 174 mil funcionários diretos. Um desequilíbrio significativo como o que a empresa está enfrentando influencia diretamente no quadro de colaboradores da companhia.
Na área 120, ficavam concentrados 170 deles até o início deste ano. Com a revisão do foco, 100 foram mantidos.
Para colocar em prática internamente a prática da eficiência, Pichai mostrou preocupação com o cenário econômico incerto e criou, com urgência, o Simplicity Sprint.
O que é o Simplicity Sprint? É um método ágil que vai avaliar ideias dos mais de 100 mil funcionários sobre como melhorar o foco e o ritmo de produção.
Nas palavras do CEO, também é um artifício para desvincular o Google da cultura de startups e adotar uma nova, centrada na missão da empresa, assim como em seus produtos e clientes.
Visando conter o surgimento de mais problemas, Pichai já comunicou publicamente que vai retardar o processo de novas contratações e investimentos em 2023.
Ele também reforçou que é necessário um senso de urgência do time em uma única direção, a da eficiência. Não somente de cenário, mas também de mentalidade. Uma mudança no DNA já conhecido.
Após as declarações do CEO, vieram o encerramento do Stadia, citado no início deste artigo, e também o corte na Área 120.
Apesar dos resultados negativos, a rapidez do Google em analisar projetos lhes dá a vantagem de mudar as prioridades com base nos resultados financeiros.
Com uma abordagem mais pé no chão relacionada aos experimentos internos, só o tempo nos mostrará os frutos das mudanças.
O que fica de aprendizado é que a companhia precisa escolher melhor suas lutas quando quiser inovar, sem tanto apressar ideias que certamente são ambiciosas.
Para melhor embasamento, o Stadia teve três anos de mercado e foi o exemplo perfeito.
O Google, que conta com mais de 20 anos de existência, foi duramente criticado por não ter o poder de hardware necessário para performar como se esperava ao escolher entrar no mercado de videogames.
Isso resultou em uma plataforma que apresentava falhas sérias e não se tornou popular entre usuários. Um exemplo: o Stadia prometeu jogos em resolução de 8K, mas não rodava nem em 4K.
O fracasso de crítica e performance, somados ao cenário econômico não tão favorável, retraiu de vez o lançamento de produtos Google e as escolhas passaram a ser mais cautelosas.
Notebook cancelado
Já em setembro deste ano, o Google cancelou o lançamento da nova versão do Pixelbook — notebook da companhia.
Eles cancelaram o produto e dissolveram o time que estava cuidando do andamento da nova versão. Após os acontecimentos, a empresa também indicou que não irá mais produzir notebooks em geral.
Entre os motivos do cancelamento, foi colocado que o aparelho estava longe da fase desejada em seu desenvolvimento — tendo em vista que o mesmo seria lançado em 2023.
Além disso, com a redução dos custos o projeto foi finalizado.
Quando questionada sobre o futuro, a gerente de comunicação do Google, Laura Breen, ressaltou que a companhia não compartilha informações sobre produtos futuros, mas que eles estão comprometidos em construir e manter um portfólio com inovação para os usuários da empresa.
A estratégia de hardware do Google, especialmente com os aparelhos Pixel, é fazer bons produtos e mostrar a outros fabricantes como fazer o mesmo.
Eles começaram com o investimento em telefones Pixel, uma forma de mostrar como a abordagem do Google ao Android poderia ser.
Mais recentemente, a companhia voltou a estar engajada na manufatura de smartwatches.
Com o Pixel Watch e a construção de um tablet Android para o próximo ano, o Google já mostra ter novos focos. Ambos os dispositivos existem em categorias onde os aparelhos Android não têm um bom desempenho, então eles estariam sanando dores dos consumidores.
Enquanto isso, eles tentam convencer desenvolvedores, fabricantes e clientes que o Pixel Watch e o tablet Android podem, de fato, serem bons.
A origem do ‘cemitério do Google’
Apesar dos dias de glória fornecidos pelos filhos bem sucedidos, como o Gmail, Chrome e Maps, o Google também teve que lidar com o resultado de equívocos no portfólio de produtos — como qualquer empresa, apesar da magnitude.
Para os saudosistas ou curiosos, surgiram portais que homenageiam os filhos do Google que já não estão mais sobre nós — como o Killed by Google, mencionado acima. Todos foram publicados e são alimentados na língua inglesa.
A listagem está dividida em serviços, aplicativos e hardwares. O Orkut, que foi muito popular entre os brasileiros, também está na lista.
O que fica de aprendizado para a sua empresa?
A nova abordagem do Google deixa uma importante lição para empresas de qualquer segmento ou porte: focar em eficiência operacional torna o negócio mais saudável e com ótimas projeções a médio e longo prazo.
Se a eficiência não está presente no cotidiano profissional, as consequências incluem travas que vão fazer com que a empresa regrida, altos custos e desperdício de recursos e mais.
Reveja processos, teste mudanças e torne esse equilíbrio uma das prioridades do negócio. Para controle do progresso, faça uso de um WMS, Sistema de Gerenciamento de Armazém para Telecom.